quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meu cotidiano

Ela passou na minha rua, com seu vestidinho curto, branco e florido, marcando seu corpo sensual. Ela seguia poderosa, com um rebolado que atiçou toda a vizinhança, sua ginga de capoeirista, ao som do berimbau, convidava a rapaziada a olhá-la, assim como convidando atrevidamente o adversário para a luta.
Ela passou na minha rua, com sua pele morena, da cor do pecado, seu olhar provocante. Ela me fascinou, me seduziu, me ganhou, somente com seu olhar. Vinha ela com o mesmo vestidinho curto, branco e florido.
Ela passou na minha rua, pensando que era passarela. Descontrolando até o mais tímido rapaz, com aquele vestidinho curto, branco e florido, ia ela sem nada a temer . Com suas pernas de fora desbravava a rua, que para ela era seu palco.
Ela passou na minha rua, vestidinho risonho. Aquele vestido tem flores tão bonitas, parece um jardim.”Moça, poderia regar seu jardim?!”.
Com seu vestidinho curto, branco e florido, ela irradiava mais que o sol, queria queimar, fazer arder. Conseguiu.Meu peito queima de paixão, arder de tesão. Por que foi passar na minha rua? Toda desinibida, querendo brincar de sedução, mexendo com nossas cabeças! “Oh, menina-moça venha pro meu aconchego!”.
Passou na minha rua, mas dessa vez não consegui vê-la.”Ei! Volte aqui!”, eu gritei. Mas ela nem olhou para trás, queria saber por que ela nunca olha para trás?!
Hoje nem adianta... Ela não passou na minha rua! Estava chovendo! Que maldita chuva! Que maldito dia! Pra quê ele foi existir se eu não vou ver o vestidinho curto, branco e florido?
Depois de uma semana! Corri pra janela com esperança de vê o vestidinho florido, curto e branco, assim estava toda a moçada. Mas ela não veio! Que decepção! Dizem que ela se machucou! Ela não pode se machucar. As deusas não se machucam, as musas não se machucam as divas não se machucam. Então ela não devia se machucar!
Noutro dia sentei amuado na janela! “Quanto tempo não vejo o vestidinho branco, florido e curto”, pensei comigo. “Juca, olha lá!” disse João. Eu olhei.
“Adivinha quem tava vindo novamente passar pela minha rua?!”.

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